PARA ALÉM DO BIOLÓGICO, O SUJEITO COM A SÍNDROME DE KLINEFELTER

5 de novembro de 2013 | Artigos | por Dionne Freitas

O presente trabalho é oriundo de uma pesquisa de mestrado, ainda em andamento, que traz à tona um sujeito com uma síndrome rara e muito desconhecida, até pela área médica, denominada síndrome de Klinefelter. Esta pesquisa faz parte de um estudo maior intitulado “Sujeitos com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento na educação básica: inclusão, atendimento educacional especializado e práticas pedagógicas”. Nesse contexto, cabe dizer que a SK vem ganhando destaque, principalmente na área da saúde, não pela sua grande incidência, mas pelas suas peculiaridades. É importante antever que essa síndrome não é facilmente diagnosticada na infância, porém o exame do cariótipo feito em bebês permite esse diagnóstico. Nesse sentido, os indivíduos com essa síndrome estão no contexto escolar, nos diferentes níveis de escolarização e são detentores de uma voz que precisa ser ouvida/ entendida, afim de que as suas singularidades e peculiaridades sejam potencializadas e não desvalorizadas/descartadas. Numa pesquisa realizada no Banco de Teses e Dissertações da Capes, não foi encontrado nenhum estudo que aborda os aspectos cognitivos dos indivíduos com a Síndrome de Klinefelter. Portanto, os estudos que serão citados nesse trabalho são, em sua maioria, provenientes da área médica. Cabe ressaltar, porém, que só localizamos uma dissertação de mestrado de Vicente (2011), produzido em Lisboa (Portugal), que aborda aspectos tangíveis às competências comunicativas (aspectos cognitivos) no contexto escolar. Este estudo será de fundamental importância para nossa pesquisa porque, como relata Drago (2012, p. 28): “não é objetivo deste texto somente apresentar um sujeito medicalizado, mas, sim, trazer à tona, ao debate, um sujeito que precisa ser pensado em sua constituição subjetiva, ou seja, um sujeito de direitos”. Sabe-se que a SK vem, desde 1942 (onde foi descrita pelo pesquisador Dr. Harry F. Klinefelter), sendo descrita por diversos ramos biomédicos, mas estudos que retratam sobre o desenvolvimento cognitivo desses alunos e as ações inclusivas a serem tomadas pelos profissionais da educação são escassos e merecem destaque. Nesse sentido, esse estudo se justifica pela necessidade de estudos na área da educação que tragam à tona os aspectos concernentes ao desenvolvimento cognitivo dos indivíduos com a referida síndrome. Sabe-se que esses sujeitos estão presentes no contexto escolar, mas têm sido invisibilizados nos estudos da área da educação. Nesse contexto, a presente pesquisa objetiva compreender a trajetória de vida de um sujeito com a síndrome de Klinefelter e descrever os aspectos relacionados ao genótipo e fenótipo dos sujeitos com a síndrome. Para que os objetivos expostos sejam atingidos, utilizar-se-á a metodologia história de vida. Teoricamente, para engendramos num processo de reconhecimento do ser humano como um ser social e cultural, que produz ativamente história e cultura, e não apenas como um ser biológico, fundamentar-nos-emos nos pressupostos da pesquisa sócio-histórica, utilizando autores como Vigostski e seus colaboradores. Na busca incessante pelos indícios e registros que levam à compreensão da história de vida do sujeito com deficiência, apoiar-nos-emos no paradigma indiciário de Ginzburg.

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