O silêncio da endocissexualidade

24 de janeiro de 2022 | Notícias | por Dionne Freitas

Desde o fim de 2015, a comunidade Intersexo tem feito pelas redes sociais e hoje pela ABRAI (Associação Brasileira de Intersexo), um movimento de chamar atenção da sociedade e da comunidade médica sobre nossas demandas. Nossa luta é por visibilidade em primeiro lugar, além de apontarmos a necessidade se olhar para a Mutilação genital em bebês e a hormonização forçada.

No último dia 12 de janeiro foi realizada uma audiência pública da Defensoria pública da União em favor da ABRAI com o CFM (Conselho Federal de Medicina) que não apareceu ou levou representantes. Mesmo assim advogados, a presidente e ativistas da ABRAI e outras instituições como o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades, Ordem dos Advogados do Brasil, Aliança Nacional LGBT estiveram lá dando o seu recado contra o que apontei em cima.

A ausência do CFM que hoje é aliado do governo neofascista que temos em certo sentido já era esperada. A resolução escrita e o protocolo Intersexo criado por eles em 2003, não permite que a individuo Intersexo seja participante das decisões médicas a respeito do seu presente e do seu futuro. Uma pessoa que mesmo quando bebê ou criança é visto pelo Estatuto da Criança e do adolescente (1990) como sujeito de direito, apesar disso esse direito lhe e negado.

Enquanto isso apesar de estarmos gritando a todos os pulmões parece que não somos ouvidos ou a sociedade se faz de ouvidos moucos. Apesar disso, a sociedade sabe da nossa existência, digo isso, porque se perguntarem nas ruas e avenidas se alguém sabe o que significa “hermafrodita”[2] logo alguém surge com uma resposta.

O que acontece para que essa luta não ganhe fôlego? Espalhada ao redor do mundo, esta comunidade pode contar o número dos poucos países em que a MGI é proibida e mais ainda com punições severas se ocorrer. O leitor pode dizer que o culpado é a comunidade médica, mas tenho feito esse questionamento há muito tempo e durante as várias palestras que participei muitos ativistas têm lembrado que é graças a chancela da sociedade que isso acontece e que inclusive por baixo da mão que segura o bisturi está a sociedade e aqui diria endocisexualidade.

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