Determinação do sexo genético em pacientes portadores de ambiguidade genital ou distúrbios de diferenciação sexual através de cultura temporária de linfócitos periféricos

12 de agosto de 2006 | Artigos | por Dionne Freitas

Vale lembrar que a questão Intersexo no Brasil, vem apenas mudando agora, com o levante do movimento social que tem possibilitado que as produções internacionais que analisam a corporeidade Intersexo a partir do olhar da bioética, cheguem ao Brasil, o cenário atual ainda trata a intersexualidade como patologia sem capacidade de autonomia e autodeterminação de gênero. Com essa mudança, a discussão não parti mais de uma narrativa patológica, mas que permita a autonomia do sujeito, impedindo a violação da integridade física e os direitos sexuais e reprodutivos da pessoa Intersexo. Porém infelizmente ainda vocês vão se deparar com artigos que ainda patologizam os corpos intersexo no Brasil. Como esse a seguir, sendo importante que essa analise seja feita para entender o porque da busca da autonomia das pessoas intersexo.

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O mecanismo de determinação do sexo tem sido objeto de investigação desde a antiguidade. O sexo cromossômico e genético é estabelecido na fecundação, e depende do óvulo ter sido fecundado por espermatozoide com cromossomo X ou Y. É este tipo de complexo cromossômico sexual, que vai determinar o tipo de gônada, e consequentemente a diferenciação sexual que ocorrerá nos ductos internos e na genitália externa. Em alguns recém-nascidos, a determinação do sexo torna-se difícil devido à presença de ambiguidade genital. Sendo assim, a determinação do sexo genético em indivíduos portadores de ambiguidade genital ou de distúrbio de diferenciação sexual, através de cultura temporária de linfócitos periféricos. Os pacientes diagnosticados neste estudo são provenientes da rede hospitalar pública do Distrito Federal, atendidos no serviço ambulatorial do Hospital Regional da Asa Sul e do Hospital de Base de Brasília da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. Após a devida anuência dos responsáveis pelo paciente, e seguindo os preceitos recomendados pela comissão de Ética em pesquisa, foi realizada a coleta de sangue periférica (MOORHEAD et al., 1960). A partir do acompanhamento do serviço realizado no ambulatório de Genética Clinica do HRAS foi possível contabilizar 16(dezesseis) pacientes diagnosticados como portadores de ambiguidade genital ou distúrbio de diferenciação sexual entre os meses de Março de 2005 e junho de 2006, com idades variadas desde os 03(três) dias de vida até 15 (quinze) anos de idade. Grande maioria dos pacientes (43.8%) foi diagnosticada ainda no primeiro mês de vida, sendo o Hospital Regional da Asa Sul (HRAS) o que mais atendeu os pacientes externos com aspecto feminino, enquanto 37,5% tinham aspecto masculino. Em menor percentual (18,8%) não foi possível classificar a genitália externa quanto ao seu aspecto, devido à ambiguidade característica de alguns pacientes portadores destas anomalias em estudo. Com base nos resultados experimentais deste estudo, pode-se concluir que o acompanhamento em ambulatório de genética clínica torna-se essencial para a determinação do sexo de criação dessas crianças, a decisão das condutas terapêuticas referentes ao tratamento clínico e ao tratamento cirúrgico é decorrente da determinação sexual apropriada e o sexo social deve ser avaliado com muito cuidado, por profissionais qualificados em tal abordagem . Além disso, o diagnostico precoce, o aconselhamento genético e ainda, o acompanhamento psicológico que essas crianças e seus familiares devem receber, determinam o “sucesso” na criação dessa criança.

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