ABRAI – NA REVISTA MARIE CLAIRE

13 de abril de 2023 | Artigos, Imprensa, Notícias | por Thais Emilia

Mãe revela saga com bebê intersexo: preconceito no hospital, violência e falta de direitos

Por Jaquelini Cornachioni, redação Marie Claire — São Paulo

 

Thais Emília já era mãe de duas crianças quando Jacob nasceu, em 2016. Desde a gestação, ela sabia que o bebê era intersexo. “O médico me disse que, onde eles viam um pênis, agora parecia um clitóris aumentado. Mas eu estava preocupada com outras questões que ele tinha no coração e no cérebro, então isso não era um problema”, lembra ela, que é psicanalista e educadora especialista em educação inclusiva, diversidade, sexualidade e gênero.

Assim que deu à luz, ela se deparou com problemas que não imaginou que teria ao longo da gravidez. A primeira delas foi a reação de todos no hospital –de outras mães a enfermeiras. Thais recorda que, nos corredores, Jacob se tornou assunto.

“Lembro de uma mãe me perguntar se meu bebê era menino ou menina, e eu disse que não sabia. Nessa hora, ela gritou pela porta: ‘O bebê aqui do lado é hermafrodita’. Essa reação, para mim, foi como uma violência. A privacidade acabou. O impacto social foi grande.”

A psicanalista também se recorda de uma enfermeira auxiliar que chorava ao olhar para o bebê. A fim de conter a movimentação, uma profissional específica foi designada para cuidar de Jacob. “Chegou ao ponto de pedirem para ela fotos dele durante o banho ou troca de fralda, por curiosidade –o que não aconteceu. Isso não é ético. Ocorreram muitos problemas ali.”

 

 

 

 

 

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