Alana Claudiana: Uma Trajetória de Empoderamento e Visibilidade para a Comunidade Intersexo

Artista e Psicóloga, Alana Compartilha sua História de Luta e Superação.

22 de abril de 2024 | Publicações | por Céu Albuquerque
Foto: Arquivo Pessoal

A história de Alana Claudiana é uma jornada de autodescoberta e aceitação. Nascida em fevereiro de 1983, aos 41 anos, ela é uma mulher intersexo com mosaicismo 46XX/46XY, uma condição também conhecida como hermafroditismo verdadeiro. Sua jornada rumo à compreensão de sua bioidentidade começou aos 13 anos, quando os primeiros sinais de puberdade surgiram, trazendo consigo características femininas, incluindo sua primeira menstruação.

Foi durante uma visita ao consultório médico que Alana recebeu a revelação de que possuía ambos os conjuntos de órgãos reprodutivos completos, tanto femininos quanto masculinos. Essa descoberta foi um momento de profunda reflexão e aceitação para Alana, marcando o início de sua jornada de autoaceitação e entendimento de sua identidade única. Ao longo dos anos, ela demonstrou uma incrível resiliência e coragem ao enfrentar os desafios associados à sua condição, inspirando outros a abraçar sua singularidade e a celebrar a diversidade humana.

“Sempre gostei de brincadeiras de meninas, de usar vestidos, brincar de boneca. Descobrir que sou intersexo fez todo sentido para mim.”

Desde que deixou o Brasil aos 18 anos, Alana começou a se tornar ativista pelo mundo, compartilhando sua história. Ela entrou em contato com médicos no exterior, pois no Brasil foi necessário tomar hormônios masculinos para evitar o desenvolvimento de características femininas. No entanto, Alana decidiu interromper o uso desses hormônios ao deixar o Brasil, pois não estava satisfeita com os resultados e se sentia insatisfeita com o que lhe era imposto. Aos 20 e poucos anos, na Espanha, ela procurou um médico que a aconselhasse sobre a reversão dos hormônios masculinos que havia tomado, buscando recuperar características femininas mais próximas ao seu estado intersexo. “Porque há muitas coisas que não podem ser revertidas, como a voz, por exemplo, coisas que foram desenvolvidas devido à testosterona que tomei durante 5 anos, dos 18 aos 23.

Fertilidade

Alana conta que fez um tratamento hormonal na Espanha, em Madri, tentando congelar seus óvulos, já que nasceu com ovários e testículos, as duas gônadas. Foi um tratamento de fertilidade de 2 anos, tentando congelar 5 punções ováricas, tentando conseguir algum óvulo fértil. Finalmente, conseguiu em 2015, após 2 anos de tratamento, quase desistindo, na quinta tentativa, que realmente para ela era a última chance. Porque era um procedimento desconfortável, durante os 2 anos ela ficava sedada por 30 minutos, e seu médico, um homem maravilhoso lá na Espanha, a acompanhou nas clínicas de fertilidade durante todo o procedimento, sempre atento na sala fechada para que ninguém filmasse, para que não saísse uma notícia. E mesmo assim saiu, as clínicas chegaram a ser processadas. Pediram desculpas e tal.

Eu tenho esses óvulos congelados lá, pago aluguel anual desde 2015, que foi quando fiz o tratamento.

Entrevistas

E mais, desde que começou sua carreira de cantora em 2009, ela fala disso sempre em suas entrevistas. Está sempre mencionando sobre sua intersexualidade. Recentemente, para lançar seu primeiro álbum em português, que é o sétimo de sua carreira, esteve no Brasil esse ano, participou do programa de televisão Superpop, apresentado por Luciana Gimenez, e também do podcastProsa Choque – com Daniel Lage” que gerou muita repercussão, chegando a quase 1 milhão de visualizações. Houve muita discussão e debate.

E antes disso, em Julho de 2023, ela participou de outro podcast no Brasil chamado ‘Inspirgaytion‘, onde também falou sobre o tema um pouco por cima, porque não era a única convidada, era ela e outro rapaz que também era cantor e gay. Então, falaram um pouco sobre suas histórias, mas mais focado na música. “A intersexualidade está sempre presente nas entrevistas, principalmente quando as pessoas sabem do assunto, elas sempre tocam nele em algum momento da entrevista. E ela sempre tem a paciência de explicar para as pessoas, não é um tema tão divulgado.

A intersexualidade está sempre presente nas entrevistas, principalmente quando as pessoas sabem do assunto, elas sempre tocam nele em algum momento da entrevista. E eu tenho sempre a paciência de explicar para as pessoas, não é um tema tão divulgado.

Carreira

Além disso, Alana é jornalista e psicóloga. Inicialmente, ela estudou jornalismo, passando um ano no Rio de Janeiro em 2002, antes de concluir o curso no México, onde permaneceu por 4 anos, de 2003 a 2006. Em seguida, dedicou-se à psicologia na Espanha, onde cursou de 2013 a 2017, e posteriormente atuou como psicóloga dos 30 aos 34 anos.

Quando tinha 36 anos, me mudei para os Estados Unidos onde exerço a profissão de psicóloga infantil. Trabalho com crianças e, paralelamente a isso, tenho minha carreira de cantora e compositora, e também sou atriz.

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